Se me perguntam – respondo,
venho da terra jesuíta,
sou daqueles que acredita
que o mundo velho é redondo,
sou gaúcho e não escondo,
do meu orgulho de sê-lo;
mistura de terra e pelo,
misto de touro e de potro
que não podem fazer outro,
porque extraviou-se o modelo!
Vou chegando e desencilho,
no sentido figurado,
neste pago iluminado,
como cantor andarilho,
podem me tratar de filho,
de pai – de amigo – de irmão,
sempre é a mesma gratidão
do gaúcho abarbarado
que um dia foi batizado
na catedral de um galpão!
E se não tenho canudo,
anel de grau de doutor,
me diplomei payador,
gaúcho – acima de tudo,
no plenário macanudo
da primeira faculdade;
na velha Universidade
do pampa – o meu universo,
e fiz o primeiro verso
pra rimar com liberdade!
Quem me chamar copiador
de gaúcho castelhano,
esquece que sou pampeano,
graças a Nosso Senhor
e a alma do payador
não se curva a nenhum trono,
sempre fui meu próprio dono,
no verso e no improviso
e por isso não preciso
de usar o papel carbono!
Quem se declara inimigo
das cousas do nativismo,
não deve ter o cinismo
de procurar nosso abrigo,
nem presente – nem antigo,
pra que nada se confunda,
há o perigo de uma tunda,
pra não ser mal-ensinado
que todo o piá malcriado
leva um planchaço da bunda!
Os que gostam de baiões,
de xaxados ou de roques,
ou preferem outros toques
alheios às tradições,.
procurem outros fogões,
com rumba – com suingue e conga,
porque aqui – o chão se prolonga
no velho pampa bravio,
vale – vanera – bugio,
schotis – rancheira e milonga!!!