ORIGENS, J. C. BRAUN

Se me perguntam – respondo,

venho da terra jesuíta,

sou daqueles que acredita

que o mundo velho é redondo,

sou gaúcho e não escondo,

do meu orgulho de sê-lo;

mistura de terra e pelo,

misto de touro e de potro

que não podem fazer outro,

porque extraviou-se o modelo!

Vou chegando e desencilho,

no sentido figurado,

neste pago iluminado,

como cantor andarilho,

podem me tratar de filho,

de pai – de amigo – de irmão,

sempre é a mesma gratidão

do gaúcho abarbarado

que um dia foi batizado

na catedral de um galpão!

E se não tenho canudo,

anel de grau de doutor,

me diplomei payador,

gaúcho – acima de tudo,

no plenário macanudo

da primeira faculdade;

na velha Universidade

do pampa – o meu universo,

e fiz o primeiro verso

pra  rimar com liberdade!

Quem me chamar copiador

de gaúcho castelhano,

esquece que sou pampeano,

graças a Nosso Senhor

e a alma do payador

não se curva a nenhum trono,

sempre fui meu próprio dono,

no verso e no improviso

e por isso não preciso

de usar o papel carbono!

Quem se declara inimigo

das cousas do nativismo,

não deve ter o cinismo

de procurar nosso abrigo,

nem presente – nem antigo,

pra que nada se confunda,

há o perigo de uma tunda,

pra não ser mal-ensinado

que todo o piá malcriado

leva um planchaço da bunda!

Os que gostam de baiões,

de xaxados ou de roques,

ou preferem outros toques

alheios às tradições,.

procurem outros fogões,

com rumba – com suingue e conga,

porque aqui – o chão se prolonga

no velho pampa bravio,

vale – vanera – bugio,

schotis – rancheira e milonga!!!

 

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