Nascido em catre de lua,
na madrugada campeira,
quando o clarão da boleira
queimava a noite charrua.
Na deusa pampa chirua,
filha de sol e minuano.
mamei até o sobreano,
sem nunca molhar os cueiros.
Lá- onde os pajés missioneiros
me batizaram: Vaqueano.
Na marca da identidade,
carrego a estampa de todos;
andejos e rapsodos,
criados na imensidade.
O vício da liberdade
adquiri no infinito,
desde que o Tupã bendito
num gesto paterno e largo,
me deu o sagrado encargo
de fazer mapa – solito.
Hoje – a guitarra das fontes
já não traz bordoneios,
morreram os pastoreios,
as potreadas e os repontes.
Não vejo – nos horizontes,
o sol procurando ninho.
Fiquei no tempo – sozinho,
prisioneiro da paisagem,
e após a última viagem
me transformei em caminho!
Vaqueano! Onde estás vaqueano?
Há um eco que me interroga.
A evolução pôs a soga
o meu destino haragano,
morre o último pampeano.
Mas eu – vaqueano- não morro,
o meu pingo – o meu cachorro
há muito foram proscritos
mas guardo n´alma infinitos
que tempo a dentro percorro!!!
November 26, 2010 at 12:36 pm |
Com esta poesia guasca, pampeira, vinda do fundo da alma gaúcha, me indentifico e recrio minha própria identidade gaudéria.