VAQUEANO, Jayme Caetano Braun

Nascido em  catre de lua,

na madrugada campeira,

quando o clarão da boleira

queimava a noite charrua.

Na deusa pampa chirua,

filha de sol e minuano.

mamei até o sobreano,

sem nunca molhar os cueiros.

Lá- onde os pajés missioneiros

me batizaram: Vaqueano.

Na marca da identidade,

carrego  a estampa de todos;

andejos e rapsodos,

criados na imensidade.

O vício da liberdade

adquiri no infinito,

desde que o Tupã bendito

num gesto paterno e largo,

me deu o sagrado encargo

de fazer mapa – solito.

Hoje – a guitarra das fontes

já não traz bordoneios,

morreram os pastoreios,

as potreadas e os repontes.

Não vejo – nos horizontes,

o sol procurando ninho.

Fiquei no tempo – sozinho,

prisioneiro da paisagem,

e após  a última viagem

me transformei em caminho!

Vaqueano! Onde estás vaqueano?

Há um eco que me  interroga.

A evolução pôs a soga

o meu destino haragano,

morre o último pampeano.

Mas eu – vaqueano- não morro,

o meu pingo – o meu cachorro 

há muito foram proscritos

mas guardo n´alma infinitos

que tempo a dentro percorro!!!

One Response to “VAQUEANO, Jayme Caetano Braun”

  1. victormotta Says:

    Com esta poesia guasca, pampeira, vinda do fundo da alma gaúcha, me indentifico e recrio minha própria identidade gaudéria.

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