BRANCO OU COLORADO, JCBraun

São dois emblemas, dois guascas,

um Branco, outro Colorado.

Relíquias, que no passado,

voejaram com altivez,

levando, mais de uma vez,

da campanha ao litoral

a gauchada bagual,

que de lança e boleadeira

incendiou serra e fronteira

atropelando um ideal!

Estandartes do Rio Grande

eternamente rivais,

que o sangue de nossos pais

tornou mil vezes sagrados

na peleia entreverados

com denodo e galhardia,

fortalecendo esta cria

que foi padrão de coragem

abarbatada e selvagem,

mas cheia de fidalguia!

Um, tem a cor dos brasedos,

dos fogões de acampamento,

e quando tremula o vento,

nas coxilhas desfraldados,

é o sangue bem colorado

da raça em enfervescência,

levando na sua essência

aquele pendão eterno

que foi tronqueira de cerne

na formação da querência!

Outro, é branco como a geada

das alvoradas pampeanas,

e nas dobras soberanas

revela, quando esvoaça,

toda a nobreza da raça

que no voejar se retrata,

parecendo que relata

coragem e desassombro

quando num trono dum ombro

estendido se desata!

Velho lenço Colorado

tu carregas no teu pano

todo o valor haragano

dos cavaleiros charruas.

E acordas  quando flutuas

por essa várzeas assim,

o eco de algum clarim,

que ressurgindo da campa

anda volteando no pampa

o guasca que está no fim!

E tu, velho lenço Branco

como a alma da chinocas.

Tu, que meu sangue provocas

quando te vejo esvoaçar,

comigo hei de te levar

sempre alegre e satisfeito,

atado do mesmo jeito,

seja na paz ou na  guerra

como emblema desta terra

batendo sobre o meu peito!

É tradição do gaúcho

ter amor nesses dois trapos

 e ver na trança dos fiapos

um simbolismo tão santo.

Por isso te adoro tanto

 meu lenço Branco ou de cor

e até Deus Nosso Senhor

que usou bota , espora e mango

lhes garanto que é chimango

se maragato não for!

One Response to “BRANCO OU COLORADO, JCBraun”

  1. victormotta Says:

    A história de meus ancestrais, do Rio Grande do Sul, está repleta desse heroísmo, de amor à terra, de lutas, de independência. E das guerras de fronteiras às desavenças locais dois lenços – Branco e Colorado – sempre ornaram os pecoçoes dos guerreiros, ora unidos, ora antagônicos.

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