No declínio da existência,
finalmente me reconheço
e essa descoberta me atinge,
com a força das palavras
duras, mas verdadeiras,
que saltaram do coração triste
e ferido de meu filho.
Em pânico e sem defesa
percorri os caminhos já vividos
e cai sem forças na certeza
da construção de um nada.
Restou-me a solidão da tristeza
com a constatação de fracassos;
fracassos como filho, como irmão,
fracassos, enfim, como pai e
companheiro ausente, esquecido
nos porões do passado.
Na rigidez dos princípios aprendidos
e, rigorosamente transmitidos,
não soube compartilhar emoções,
não soube compreender nem
permitir a compreensão de todos.
Fui somente o seguidor cego de valores,
como se fossem a expressão da verdade.
Mas a verdade, era apenas um nada,
que apenas representei insensível
durante toda a minha vida.
O tempo que ainda me resta,
não será por certo suficiente
para apagar todo o mal
e merecer um perdão.
Dói-me saber que o amor
ficou mesclado na dificuldade
de uma convivência plena.
Quando se descobre nas palavras
de um filho, muito querido,
a impossibilidade dessa convivência,
sofre-se o impacto violento da verdade,
como um tiro certeiro e mortal
disparado do fundo da alma.
Nada mais poderá se feito
para apagar o que se fez.
Resta-me agora, tentar um recomeço
e a solidão com a dor do fracasso
de toda uma vida.
(03/10/2011, 3h da madrugada)
November 28, 2011 at 12:44 pm |
Não fracassaste como pai..
November 28, 2011 at 1:41 pm |
Voce e uma filha excelente e soube compensar meus erros, Beijo